Agora são 2h40 da madruga do dia 30/12/2010 e eu estou aqui lembrando do ano passado, tentando ao longo deste ano juntar meus pedacinhos, entender as coisas, absorver algo, sei lá. E vejo que não sei se cheguei a algum lugar!!!
Este dia foi decisivo na minha vida, muito mais do que poderia imaginar...
Fui pega de surpresa com a bolsa rompendo lá pelas 10hs e tanta da manhã do ano passado. Fiquei sem entender o que estava acontecendo e acho que estou assim até hoje!
Parece que naquele momento em que a parteira me falou ao telefone que provavelmente eu tinha tido uma ruptura alta da bolsa das águasum botão se desligou em mim e eu apaguei, virei outra pessoa, desconectei, sei lá o que aconteceu comigo!
Sei que não estava preparada para aquilo, consigo ver hoje que na verdade me parecia que nada daquilo era verdade, não imaginava que tudo fosse dar errado, mas também não parecia que o sonho do nascimento que eu havia preparado iria acontecer, eu pensei bem lá no fundo, quase que inconscientemente que meu parto domiciliar não iria acontecer. Eu sabia muito bem porquê, na verdade nem achava que estava pensando isso, mas estava.
Minha mãe chegou do mercado eu estava na cozinha sentada montando as lembrancinhas dela e disse que achava que a Lara iria nascer e minha mãe fez uma cara de dúvida, achei que não deu muita bola. Em seguida, curiosamente, minha sogro e sogro lá do interiro ligam para saber da gente e recebem a mesma notícia também!
Falei com minha parteira duas vezes antes de encontrá-la na casa de outra pessoa que também estava para parir. No exame tudo ok, porém havia várias coisinhas que eu não peguei ali no momento e acabei desconsiderando, sem querer, sem mesmo ter consciência delas...
Não tinha exame de strepto (eu já tinha pra mim que sem ele não arriscaria um pd; tinha bolsa rota sem contração (ok - porém meu maior medo), sem dilatação (ok), colo grosso (ok) há 4hs;
A parteira disse que ficava a nosso cargo ir ou não ao hospital, mas disse que dava para esperar ainda.
Eu sem conectar uma coisa a outra tive todos os sinais de que precisava me dizendo que TALVEZ fosse bom ir para o hospital naquele momento ou mais tarde e garantir uma indução, porém não foi o que fiz.
Passei o dia esperando as dores, prestando atenção a cada coisa que me acontecia e nada acontecia. Fui ao mercado comprar uma banheira que não tinha ainda, na farmácia, andei um pouco e passei o resto do dia no sofá... Parecia que eu estava desligada do mundo.
Tentava ficar conectada a internet, mas ela caia o tempo tod e assim passei o dia "longe" de pessoas que poderiam ter aberto meus olhos, me acordado para vida e tudo mais, parece que o mundo já conspirava contra mim!
Fiquei até tarde acordada com o Wil, conversamos muito, mas pouco também - engraçado isso, não sei explicar. Wil estava bem apreensivo, já sabia que não ia dormir aquela noite... Tomamos banho tarde da noite e fomos para cama.
Conversamos e lembro do Wil tentar me dizer indiretamente que do jeito que estava íamos para o hospital e que provavelmente poderia dar em cesárea, nada direto, tudo entre linhas, e hoje eu sei que eu me recusava a acreditar nisso!
Aceitei escolher as roupinhas e colocá-las na mala para passar no outro dia e ver no ia dar!
Ainda não entendo muito bem, ou me recuso a aceitar, não sei ao certo, o que aconteceu naquele dia, mas hoje enxergo o mundo de possibilidade que eu tinha e que não sei porquê não pensei nelas no dia, não entendo o que me deu!
Hoje, agora mesmo, sinto um frio na barriga de pensar em tudo o que aconteceu nesta mesma data há um ano atrás. Frio na barriga! Lembrar de tudo é como relar na forte emoção vivida e um pouco dissipada já, mistura de medo de tudo voltar a tona ou de simplesmente sentir o "deixar passar". É como um marco, é como viver de novo, dá medo, dá vontade de tentar de novo! Dá vontade de esquecer, dá vontade de mentir! Dá remorso!
Dá vontade de consertar!
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